Cicatrizes de Verão
Foi num verão, longe, muito longe deste,
Contudo, ao sol deste verão, brilha,
Como uma memória, onde estará a ferrugem
Daquela bicicleta, que numa derrapagem
Na areia, mais uma vez me tatuou,
Para o sempre que uma vida dura,
O joelho, longe de casa, sempre,
Mesmo em casa, o que é casa a esta hora
Da vida, quando metade fora,
O futuro metade estrangeiro,
Nunca o que esperavam de mim
Naquele ridículo rectângulo,
Esta cicatriz no joelho, uma ferida
Em mil novecentos e noventa e quatro,
Quando a casa em obras, uma pressa de viver
E uma curva apertada para sempre,
A dizer-me que ainda sou eu, o mesmo,
Aquele garoto, longe, aquela tenra carne,
Ainda, esta pele de velho, com saudades
De tudo, vontade de tudo, menos do futuro.
Turku
15/07/2025
João Bosco da Silva
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