Aquele Isqueiro
Lembras-te daquele isqueiro esquecido,
Das desculpas que fazias para passares a noite
A cuspires-me a carne com os teus soluços
De noiva faminta desterrada numa ilha,
Toda a gente sabia, incluindo a tua colega
Que não fumava e de boca cheia de ouriços
Me perguntava num gorgolejo, e agora,
Ao que respondia, engole, um esquecimento obvio,
E entre um espasmo e um crepitar viscoso,
Dizia que aquilo era apenas carne e cio,
Sem saber tornei-te poeta e livre,
Raramente me lembro de ti, não te amei,
Foste alívio e vingança, agora é Novembro,
Agarro-me até a isqueiros esquecidos.
Turku
10.11.2025
João Bosco da Silva

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