sexta-feira, 18 de março de 2011


Haikus à Portuguesa


Seis euros e vinte cêntimos,

Diz o caixa do supermercado:

É contabilista.


Trinta e dois anos à mesa,

A mãe parece a avô

Quando era pequeno.


Uma aliança de ouro

Tudo continua igual.

Quanto tempo?


Um diploma na mão

De quem deixou de saber

O que fazer.


Um cigarro apagado no

Cinzeiro do café:

E agora?


Os segundos passam e

O que trazem não

É o esperado.


Mais um dia que passa.

Não foi desta, mas amanhã

É que vai ser.


Conta da farmácia paga.

Mais uns dias de vida

Com fome.


O viaduto é uma casa grande,

Para quem não tem uma

Casa pequena.


Onde estão os seus filhos,

Alguém pergunta.

“No estrangeiro.”


“Temos” que fazer sacrifícios,

E mais uma mentira é dita

Sem custos.


As andorinhas regressam

Sempre, seja quem for

O presidente.




17/18.03.2011



Turku



João Bosco da Silva

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