Haikus à Portuguesa
Seis euros e vinte cêntimos,
Diz o caixa do supermercado:
É contabilista.
Trinta e dois anos à mesa,
A mãe parece a avô
Quando era pequeno.
Uma aliança de ouro
Tudo continua igual.
Quanto tempo?
Um diploma na mão
De quem deixou de saber
O que fazer.
Um cigarro apagado no
Cinzeiro do café:
E agora?
Os segundos passam e
O que trazem não
É o esperado.
Mais um dia que passa.
Não foi desta, mas amanhã
É que vai ser.
Conta da farmácia paga.
Mais uns dias de vida
Com fome.
O viaduto é uma casa grande,
Para quem não tem uma
Casa pequena.
Onde estão os seus filhos,
Alguém pergunta.
“No estrangeiro.”
“Temos” que fazer sacrifícios,
E mais uma mentira é dita
Sem custos.
As andorinhas regressam
Sempre, seja quem for
O presidente.
17/18.03.2011
Turku
João Bosco da Silva
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