terça-feira, 15 de março de 2011



XXVI


Quando estiveres cansado do calor,

Do vermelho dos olhos fechados,

Do corpo suado e do ar parado

Do meio da tarde, não desesperes.


Quando o horizonte parecer

Não conseguir encontrar nitidez

E a cabeça estiver para desistir

Do sol violento, não desesperes.


As primeiras chuvas não demoram

E quando as primeiras gotas começarem a cair,

Não virão sozinhas e trarão frescura,

Farão regressar o verde,

Darão vida ao ar,

Esculpirão novos horizontes

E tu irás esquecer-te do desespero

Que quase te enlouqueceu

E com algum tempo

Voltarás a desejar tudo

O que a chuva levou.



Turku



15.03.2011


(António Montes)

João Bosco da Silva

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