Ejaculação Na Consciência
“So, that´s what they wanted: lies. Beautiful lies. That´s what they needed. People were fools”
Charles Bukowski
Se me venho na tua boca e me engoles com promessas de amor,
Que significa quando tudo cinza, novos braços e bocas que me enojam,
Sentindo-se partido na partida, aquilo que se sente entre o estômago e o aneurisma.
Não se fecham portas, são paredes que aumentam, ou nós que crescemos
E tudo deixa de ter um tamanho proporcional, enquanto os sonhos se reservam
Aos olhos fechados e noites quentes e os desejos resumem-se a deixar de se ser
Por uns instantes numa paz pequena no meio de uma guerra infernal pela sobrevivência
Do inútil. Todos os vermes nas memórias dos bancos traseiros, derretidos, cansados,
Esquecidos com o ar que deixa o vapor, o suor, a dor transferida numa ejaculação perdida
Entre dentes mentirosos, ou somente dos que estão para cair a cada segundo que passa.
Não acreditas se te disser que trocava os teus mil lábios, por sessenta e quatro páginas
De uma revista de banda desenhada de mil novecentos e noventa e quatro
Enquanto o sofá me chama para a segurança do meu interior pequeno,
Tão cansado dos olhos antes de, dos olhos que e no fim só a falta de coragem
É que mantém o mundo mundo e a gente em mortais filhos híbridos de deuses
Da infância da humanidade, quando se vivia até antes da inocência se perder.
Algo quererão dizer as formigas de asa em pleno ar no fim de Maio,
Mas eu conheço de cor os impossíveis, os meus, os dos outros tenho assassinado alguns,
Basta ter, ter e saber e usar, sempre fácil quando do lado de cá e sinceramente,
Nunca conheci outro lado, depois de tanta cabeçada em colos de útero,
Não conheci outro lado e ironicamente, sou eu o extraterrestre neste mundo
Que me engoles com promessas verdadeiras até me digerires o futuro.
Não feches a porta quando saíres, não vale a pena, o nada está por aí em todo lado
E dentro do carro negro sinto-me tão só quando os gemidos cessam,
Sinto-me esmagado pela paz, pelos ecos dos vermes que me chupam a última gota
Para se perderam numa eternidade que não será de ninguém, se ao menos olhos,
Nos meus, aí em baixo, onde me é tão difícil deixar de ser, mas nunca saberei
Quem te fui quando te fui, nem tu saberás quem és, do lado de cá, enquanto bebes o meu sumo quente.
26.05.2011
Turku
João Bosco da Silva
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