Exaustão
Dava todos os anos de todas as palavras, cuspia todos os beijos sarnentos, esquecia todos
Os desejos e todos os olhares excitados das noites perdidas em curvas de estrada,
Dava todas as garrafas e copos vazios da solidão, as da cegueira alegre, dava toda a carne
Que me foi emprestada à volta, abandonava todas as multidões de vazios por um pedaço
De rio à sombra de um salgueiro, o silêncio de um canivete e um pedaço de madeira,
Neste momento nauseabundo e cinzento, onde a chuva torna as paredes mais próximas
E cinza é o ar que se respira engolindo gritos pelo desespero de um momento de verdadeira solidão.
Da noite não desejo mais nada que o abraço quente de umas mantas, a segurança das
Portas trancadas e sonhos em lameiros na companhia do olhar inócuo das vacas
Numa manhã verde no início do verão de anos perdidos na fome dos cães com cio.
15.09.2011
Turku
João Bosco da Silva
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