Requiescat In Pace
professor Ezequiel,
Hoje liguei a televisão, convencido de que o ia ver lá, em todos os canais: morreu o Professor,
Esperava dele mais umas palavras, mesmo que repetidas, contava que o resto do mundo sentisse
Com a mesma intensidade a grande perda, o Professor morreu, mas não, o mundo nem se mexeu,
Nem um rumor e eu começo a pensar que o meu mundo não é o de todos, as minhas mitologias
Pessoais, os meus heróis próprios, são restritos ao limite do meu mundo real e agora acredito
Em quem diz que é impossível ter cem amigos, impossível conhecer mil pessoas
Que preferia esquecer hoje pela eternidade do professor, eternidade viva, não a dos
Olhos fechados pelo cansaço da vida e na televisão mais uma vez uma cantora drogada, morta,
Uma princesa puta, morta, um ditador de bigode, executado, gente que não interessa,
Gente que não faz parte da minha história e o meu mundo é maior que a esfera ridícula
A ser azul e verde no meio da imensidão escura do universo silencioso, à espera de deuses.
Professor, nunca pensei que me deixasse de pé, na pizzaria da terra a falar sozinho,
As tardes de quarta-feira… o artista que tenho em mim, foi prenda sua e só tenho pena
Por ter trocado os traços pelas letras, as linhas pelos versos, mas se ainda fosse capaz,
Se a vontade drenada pela sua ausência neste dia tão cinzento me permitisse a tentativa,
Desenharia um retrato de si, a sorrir, com um cigarro apressado na boca, porque afinal a vida
Mais curta do que aquilo que todos os outros pensavam. O mundo perdeu mais uma cor
E hoje toda a gente do meu mundo se sente mais pobre, amputada de alguém que nos vive dentro.
07.09.2011
Turku
João Bosco da Silva
Fantástico João!
ResponderEliminarUma grande perda, sem dúvida, de um primo de quem gostava muito!
Filipe.