sexta-feira, 9 de setembro de 2011


Quando A Lembrança Se Torna O Único Ponto De Encontro



Como um castelo de cartas: a vida.


Acabei de acordar e tu desces para a eternidade, a escuridão cobre-te em forma de terra

E a quem me perguntar, são esses os sete palmos de terra, depois de muitas palmas, não a vida,

A morte, por isso se vale a pena é o momento, porque o resultado será o mesmo

E os versos escorrem-me, porque não tenho mais que deixar escorrer, pelo caminho das lágrimas,

Negros, e os teus olhos fechados por opção, domaste a existência e encontraste o único

Infinito possível, agora gostava de conseguir dizer que tens um lugar entre os deuses,

Mas prefiro dizer que tens um lugar entre os meus heróis, porque foste um homem, real,

Com a coragem, ou o desespero, a razão que só tu conhecias e agora mais nada dentro de ti,

Tu dentro de nós, que se tu soubesses, terias desistido da ideia irreversível, antes fosses

Do suicídio lento dos cobardes como este teu pupilo e ainda teríamos pela frente umas cervejas

E muitos, muitos cigarros para queimar, mas preferiste queimar todos os segundos deste vez,

Desta última vez e não te posso criticar, porque eu estou aqui, ainda aqui, a ver-te descer, de olhos

Fechados, tu também, que sempre tão abertos para as enfermidades deste mundo sem cura.

Será que ainda te posso acordar, porque não passa de um sonho a vida, porque não a morte um sono

Apenas, sem sonhos, mas acorda, há muita tela em branco, prometo estar todas as quartas-feiras,

Mesmo que os cabelos brancos a ficar mal nas cadeiras pequenas da sala de aula, ainda há uma tela

Grande para encheres de luz, deixa a escuridão, que essa é certa, deixa a eternidade

Que é lugar para nadas, levanta-te que ninguém te mandou deitar, a vida não vale uma morte,

Vamos beber um copo e eras tu e nunca te consegui tratar por tu em pessoa.

Sei que não, por minha fé no cepticismo, mas terás Warhol e Duchamp como companhia

E eles sem ti, nunca teriam existido, não no mundo que eu crio ao acordar, enquanto

Tu desces, sete palmos de terra deixando ficar à superfície pedaços de ti a tornar a gente melhor.


Entre putas e outras mulheres, orgasmos e outros contágios, fome e outros excessos:

Há quem escolha A Corda. Abiit ad plures.



09.09.2011



Turku



João Bosco da Silva

1 comentário:

  1. João como lamento a perda deste teu amigo , teu professor teu conselheiro
    É lamentável que num campo de trigo, exista joio ervas da ninha e ninhos de víboras que o impede de crescer firme e dar seus frutos

    Agora só resta a tela e lápis de carvão.....Onde esta o professor o meu herói
    Não te esqueças João o teu Herói estará sempre por perto,a teu lado ,nos livros que escreves

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