quarta-feira, 9 de novembro de 2011


Fruta Favorita



A minha fruta favorita é sem dúvida dezanove anos, colhida directamente das macieiras,

Das cerejeiras, sem ter que esperar que no chão, sem necessitar de nada mais

A não ser mão ávidas e a naturalidade dos anos, fruta perfeitamente madura, suculenta,

Inocente no aspecto, ocultando uma doçura temperada de unhas e dentes,

Murmúrios de brisas quentes, enquanto escorre o sumo doce dos lábios,

Acariciando o pescoço, que a corda aos poucos aperta, ou cada vez mais próxima

A guilhotina e depois os frutos demasiado habituados aos dentes, atiram-se das árvores,

Sacrificam-se em sumo, sempre a adição de açúcar, a cor exagerada de dias a mais ao sol

Aborrece-me os olhos e custam-me as palavras, como os dentes, o volume engana

E os gomos secos de sumo, e nada pior que uma laranja seca quando a sede é fertilizadora,

Corta-se ao meio e afinal, seca, só casca, polpa e vazio, mas nunca se ouviu

Beber com os olhos, os dentes querem corpos fluídos, sorver o néctar que alivia

O vazio, não olhares afiados no chão e no aniquilamento do desejo. A minha fruta favorita

É rara, um ano numa vida toda, ainda com o orvalho dos sonhos inocentes nas folhas

Que o vento da vida amarelecerá, o tempo tombará e o verde será apenas uma recordação.



09.11.2011



Turku



João Bosco da Silva

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