Fruta Favorita
A minha fruta favorita é sem dúvida dezanove anos, colhida directamente das macieiras,
Das cerejeiras, sem ter que esperar que no chão, sem necessitar de nada mais
A não ser mão ávidas e a naturalidade dos anos, fruta perfeitamente madura, suculenta,
Inocente no aspecto, ocultando uma doçura temperada de unhas e dentes,
Murmúrios de brisas quentes, enquanto escorre o sumo doce dos lábios,
Acariciando o pescoço, que a corda aos poucos aperta, ou cada vez mais próxima
A guilhotina e depois os frutos demasiado habituados aos dentes, atiram-se das árvores,
Sacrificam-se em sumo, sempre a adição de açúcar, a cor exagerada de dias a mais ao sol
Aborrece-me os olhos e custam-me as palavras, como os dentes, o volume engana
E os gomos secos de sumo, e nada pior que uma laranja seca quando a sede é fertilizadora,
Corta-se ao meio e afinal, seca, só casca, polpa e vazio, mas nunca se ouviu
Beber com os olhos, os dentes querem corpos fluídos, sorver o néctar que alivia
O vazio, não olhares afiados no chão e no aniquilamento do desejo. A minha fruta favorita
É rara, um ano numa vida toda, ainda com o orvalho dos sonhos inocentes nas folhas
Que o vento da vida amarelecerá, o tempo tombará e o verde será apenas uma recordação.
09.11.2011
Turku
João Bosco da Silva
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