quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012


Poema De Foder


“(I´m fucking the grave, I Thought, I´m
bringing the dead back to life, marvelous
so marvelous
like eating cold olives at 3 a.m.
with half the town on fire)
I came.”


Charles Bukowski



Deixa-me entrar, não me obrigues a olhos que não estes de fúria fertilizadora,
A quem tenho que pedir direcções, o Miller diz que adormeceu, estava exausto do
Seu amigo francês, nunca das amigas dos francos, e tenho abusado da confiança
Que o Bukowski não me deu, acho que o vinho do porto tem dois truques
Escondidos nos goles quentes e frutados, e nem dou por mim em vales de carne
Numa vindima de gemidos maduros, fermentados por um adiamento de roupa
E privacidade de olhos fechados. Não, isto não é um poema de amor,
É um copo cheio de suor, esperma e o que me escorre pela barba abaixo
Enquanto me apertas entre os teus joelhos, tocando no fundo de ti aquelas músicas
Lamechas em silêncio, que só se tornam compreensivas quando arrefecer em ti
E te aparecer em reflexos nas janelas dos autocarros, mas saudade não é
Vontade de mais uns orgasmos em troca de coragem, resignação ao desejo
Traumatizado pelos verdes anos lavados com doutrina e hóstias consagradas,
Saudade é uma das doenças dos dedos que escrevem versos sobre perdição.
O pecado é apenas algo como o amor, abstracto, como deus, não existe,
Só quem acredita sente, por isso a minha carne dentro da tua, não tem nada
De pecado, sentes, não acreditas, dizem-me os teus olhos surpreendidos por outro
Dentro de ti, mas existe e se não fosse o controlo, que me disseste que tu também,
O pecado podia ter um nome e não se pode chamar Luxúria a uma criança,
Apesar de ter sido avarento em relação ao teu corpo, na verdade só teu e de quem te
Paga com ilusões, tradição e comodidade, os sofás ardem com hipocrisia.
Olha-me direito, que os teus olhos foram meus, assim como os teus lábios,
Esses inocentes lábios, doces lábios, frescos lábios, à volta do meu caralho
Com uma fome provocadora, a tentar provar que tu capaz de acrescentar ao luar
No meio de um descampado, enquanto o mundo arrefece e as recordações
Da última no mesmo lugar a confundir-se com o teu sabor meu na tua boca.
Todo o atrito, que a tua excitação apagou com a magia que só as mulheres,
Renasce na forma de palavras que me deixam exausto, para no fim
Nem o risco de um futuro defunto, como uma foda ao ritmo imparável
Do vazio de garrafas de vinho tinto caseiro e Lana del Rey a provocar-me
Com a sua carne irresistível que os seus lábios solidificam na imaginação
Do impossível, mas as minhas mãos cheias de ti, enquanto o Marquês me
Segreda ao ouvido indecências que o meu corpo cumpre no teu
E o frio lá fora, na ruralidade purificada pela geada, pede lenha,
Mas a tua fogueira é outra e enquanto o vinho não se cansar,
Queimemos carne, sonhos e desejo, venha depois o desamor a desculpar
O cadáver da curiosidade, a velhice do desejo e a fossilizar as fodas que fomos.

08.02.2012

Turku

João Bosco da Silva

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