A
Consequência Dos Sonhos À David Cronenberg
Tanta gente
desesperada por amor e a mim neste momento só me apetece é fodê-los,
Não vejo
mais nada na forma como seguram a garrafa de água entre as pernas, mais nada
A não ser
uma enorme falta de amor, os lábios rodeiam o gargalo da garrafa com uma
carência
Que deixa
correr uma linha de piedade pela comissura labial até ao pescoço, labial, que
Palavra tão
cheia de provocações, esta vontade diz-me o consciente, é consequência
Dos sonhos à
David Cronenberg, passar a noite a tentar roubar um banco de recordações,
Tentando
descodificar códigos que mais parecia jogar Space Invader, suar conspiração
Por todos os
lados, mesmo à frente do proprietário chinês, até nos sonhos me apetece
Fodê-los, o
mais profundamente possível, ir ao fundo dos seus segredos mais íntimos
E
ejacular-lhes humilhação e poder, senhor Peter, se usar o triângulo cinzento é
mais rápido,
Mas o meu
nome acordado nem é esse, nem eu acordado numa Chinatown qualquer,
Será que a
minha cara a mesma, não é que seja grande coisa, mas é-me, a primeira pergunta
Depois de
tudo de pernas para o ar, tenho alguma coisa na cara, porque sem cara ninguém
Amor, e a
fome tanta, sente-se o vazio na forma como lambem o lábio superior e depois
Mordem o
inferior, enquanto trocam olhares entre o centro da testa e os lábios, ou será
o
Philtrum que
olham, só me apetece foder aquele cabelo que tanto enrolam entre os dedos,
Dilatar
aquelas pupilas que gastam o ar à volta, atravessam muros de indiferença,
retraem
Prepúcios,
como quem lubrifica a retina com um pestanejar inconsciente, inocente já duvido,
Mas não me
pergunto nada, hoje sou rei dos sonhos e mesmo a sua incerteza é para mim
certa,
Como a
vontade de foder como quem abraça, a carência que torna este mundo tão triste
ao acordar.
22.09.2012
Turku
João Bosco
da Silva
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