A
Relatividade Das Sombras Enquanto Versos Ardem
Sentes-te só
e por isso abres um livro e descascas um poema, mas devias saber que o poema
É feito da
luz de estrelas mortas, sempre demasiado tarde o alertar da sua presença,
Sempre
ausente quando se apressa o coração a encontrar os dedos que tentaram
acompanhar
O silêncio
das noites dos dias da vida, se te sentes só, fecha o livro, não procures a
companhia
Da solidão,
não anseies por palavras que deixaram de vibrar e só esperam que os teus olhos
Famintos lhe
tragam um pouco de vida, todas as palavras são também tuas, cada uma encaixa
Perfeitamente
e parecem abrir-te um alívio em forma de janela, das que tens dentro e não
Sabias que
podiam ser abertas, mas não trazem nada de novo, se trouxessem algo de novo
Não compreenderias
e dirias, não faz nenhum sentido isto, porque não tinhas em ti o substrato,
Sente-te só,
não entre em mais nenhum verso, acabarás por encontrar um espelho onde
Verás a tua
solidão de outro lado e aí terás a ilusão de não estares só, um erro, pois é
impossível
Encontrar
companhia na solidão dos outros é mais real o latir de um cão numa noite
Quase silenciosa,
é mais real o chamamento de uma prostituta na rua mais em baixo quando
Passas com a
tua solidão, mais real a janela do café ao lado partir e passos apressados
Pela rua
abaixo, mais real o toque do telefone da casa ao lado, o passo dos vizinhos,
O olhar que
procura um olhar do outro lado do bar, quase deserto, mais real que toda a luz
Que possas
encontrar nos versos, onde te encontras só, nu, como se alguém tivesse definido
A tua
própria solidão antes de teres nascido, um desconhecido que julgas conhecer nas
sombras.
01.10.2012
Turku
João Bosco
da Silva
Sem comentários:
Enviar um comentário