Coito
Interrompido
O cansaço
escorre-me pelos ouvidos, quente, metálico e não percebo a ausência de suor,
Andar tantos
anos para chegar a lado nenhum onde se está e está-se, mesmo que a pingar,
Pingos de
ser quase a não ser, a desaparecerem na dissipação da queda que não chega ao
fundo
E à
distância, uma noite de Abril revela-se entre uma chávena fria e um copo de
cerveja
Já quente,
uma noite no cemitério na companhia dos ossos de Sebastião Alba, a roçar
vapores
Que se
confundem com o cheiro do oscilar das chamas de umas velas por lá semeadas
Como quem
deixa flores a apodrecer por consideração, os dedos procuram uma aceitação
Viscosa, mas
ela diz que hoje não dá, estou nos dias maus do mês e estranho não cheirar a
ferro
Quando chupo
o dedo ainda húmido ao luar, digo que não faz mal e adio a ejaculação que
Lhe despejo
noutra noite na cara, com o mesmo cansaço que me escorre pelos ouvidos,
Mas em
jactos, porque menos anos, ou mais vontade de anos por vir, o Sebastião Alba
Continua atropelado
e enterrado com o nome que lhe deram, eu nem me dou ao trabalho
De mudar,
somo anos perdendo-os e incho, a pele estica, cada vez mais fina e a alma cada
vez
Menos densa,
diluída na merda que a experiência acumulou, eu cada vez menos e maior,
Com saudades
da lobotomia química que me visita nas horas lúcidas da loucura, quando o
Cansaço se
faz sangue e me empurra contra o futuro que ainda está para ser parido pelos
meus olhos.
Turku
07.02.2013
João Bosco
da Silva
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