Demasiado Cansado Para Dormir
“Sit and drink Pennyroyal
Tea
Distill the life that´s
inside of me”
Kurt Cobain
Os versos fermentam no cansaço, amadurecem nos dias
cinzentos
Entre horas perdidas, roubadas à exaustão, mas o sumo,
Esse vem do Verão, da seiva que escorre dos dias loucos,
Das overdoses de felicidade, quando se bebe para alargar a
noite
E não para aliviar os olhos do peso dos tempos sérios e sem
Grandes horizontes verdes, as ovelhas ainda pastam na
periferia
Da confusa cidade, que o Turner visita ao fim do dia para
pintar o céu
De medo, os olhos procuram o alívio das pálpebras vermelhas ao Sol,
Mas não há Sol, não para todos, é por essa razão que
Todos sonhamos , consumimos o açúcar dos sonhos para tentar
Embebedar os outros com a certeza de todas as nossas incertezas,
E um verso é uma confissão, mesmo quando vinagre, é o testemunho
Da doçura que o tempo transformou, como a ignorância em
Maldade, inocência em hipocrisia, o cansaço num sono
impossível
De dormir e que os dedos tentam largar, letra a letra, como
As moscas desesperadas por causa da chegada do frio,
procurando
Um sentido para levar toda a confusão à razão, já o mestre
dizia
Que a verdade está na doçura, mas nem todos a conseguem
Saborear enquanto escorre pelos dedos, falta infância,
Na verdade, as lágrimas sempre foram mais reais que
sorrisos.
Coimbra
25-10-2013
João Bosco da Silva
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