Intersecionismo Com Esperma
“It´s okay, girl, we´ll
make it
Till the sun goes down forever
And untill then what you got
To lose
But losing? We´re fallen
Angels
Who didn´t believe
That nothing means nothing”
Jack Kerouac, Book Of Blues
Numa rua estreita e escura, encostando-a contra a igreja,
num equilíbrio entre
As cuecas para o lado e o vestido levantado o suficiente
para lhe encontrar
A rata humedecida com a vontade e dedos molhados num hálito
de cerveja,
Enquanto tento encontrar-me dentro dela, impingindo-lhe a
minha carne
Em pontas dos pés, ela meditando com a testa contra a parede
sagrada,
Revejo aquela missa do galo em que Alberto Soares ficou
fora, sinto uma revelação
Menos filosófica, mas uma iluminação maior, apesar do local
não ser o melhor
Para grandes reflexões carnais, entro num templo mais
sagrado e real,
Por ser difícil manter um ritmo meditativo capaz de levar
pelo menos um
De nós à aparição, vamos até ao limite da luz eléctrica e
depois de se ter
Ajoelhado no pó em oração, despertando-me de novo para a
possessão,
Tira as cuecas, deito-a sobre uma fraga de granito com a
força de Anteu,
O musgo seco pela canícula das tardes longas e os cristais
de quartzo
Rasgam-me as mãos sob as sua nádegas, e ali fodemos como numa
celebração
Pagã, numa união mística e inocente, ali mesmo apetece-me
escrever um poema
Ao Miguel Torga, fodendo sobre uma fraga de granito, olho
ambos os genitais
À luz da Lua, o meu engolido pelo dela, brilham e
confunde-se nos aromas
Da noite de Verão, não existe qualquer tensão, pertencemos
assim no momento,
A harmonia possível de um ritmo ébrio até à ejaculação, saio
dela e verto
Sobre a fraga entre as suas pernas o esperma quente e
fermentado
Pelo sagrado e o pagão, esperma puro de pecado e liberdade
brindado com
Sorrisos inocentes e últimos beijos sem o peso da despedida
até nunca.
11.09.2014
Turku
João Bosco da Silva
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