É O Que Se Arranja
Quando há demasiado vazio, aquele que nos empurra para a
inconsciência
Do sono, os vidros das janelas demasiado silenciosos, nem
embalam
O ritmo dos versos que dentro a fazer de ovelhinhas a adiar
a queda,
É o que acontece, quando a chávena quase vazia e a garrafa a
ser só ecos
Dentro, enquanto se espera uma resposta ou um olhar a
reconhecer
Que estamos vivos, durante um lenço de papel e um
esquecimento
De bolso ou a necessidade maior, na espera de uma partida,
como
Se a própria espera não fosse já ter partido, quando os
passos
São tudo o que nos acompanham e o ranger é a certeza que
ainda somos
Um peso qualquer neste planeta de voltas e mais voltas,
sincronizadas
Pelo relógio adaptado às necessidades da solidão universal,
Daí isto não precisar de ritmo, os segundos esticam e
encolhem
De acordo com a velocidade dos dedos ou da ausência de gente
À volta deles, isto é o que acontece quando matam aquele que
nunca morre
E nem se quer ver, porque no fundo é só para que hajam mais
olhos
Na direcção do vazio, quando o vazio tudo o que empurra isto
Para onde a luz que tudo revela, isto, que é apenas o que
há, quando
Nada mais parece haver, a não ser segundos que passam por
nós,
E só o eco das células que morreram a deixar o vazio que
inquieta
A nossa sensibilidade de inútil testemunha do desperdício
próprio,
O que esperas, a estas horas é tudo o que se pode arranjar,
um poema.
26.12.2014
Turku
João Bosco da Silva
Sem comentários:
Enviar um comentário