Entrelaçamento Quântico Das Saudades
Enquanto aperto a cafeteira alguém diz, não queres fazer um
café, longe,
Depois do jantar, com o crepitar do lume, as brasas a
saltarem para o sofá
E as pantufas, quando a lareira ainda era aberta, ainda o é,
mas não aqui,
Neste caminho, a minha mãe aperta a cafeteira e eu tenho
saudades
Quando o cheiro do café começa a despertar-me o hipocampo do
processador
Quântico de tempo, a memória tudo, o que se consegue evocar
no momento
O que somos, ou seremos um reflexo distante e distorcido,
inverso ou paralelo,
De uma mão a segurar uma chávena, e a levá-la aos lábios,
despertando
Nos lábios distantes uma saudade de calor específico,
Defina-se inspiração, vontade, epifania com uma colher cheia
de incerteza
Numa chávena de café, sem pires para ajudar na viagem
independente
De todas a leis realistas, da saudade, não queres café, algo
move a vontade,
Nas faces do dodecaedro, a mesma, de forma diferente, a
infinita mesma,
Também a saudade não é prevista pela mecânica que faz subir
o café.
19.12.2014
Turku
João Bosco da Silva
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