Boa Noite
aos velhos amigos,
Realmente, ficamos bem aquém daquilo que esperamos de nós
mesmos,
Ao menos ainda esperamos mais que ter alguém que se
interesse por nos fotografar
As mamas, esperamos viver de nada e não ser reconhecidos por
nada,
Houve um tempo em que uma cabana, numa vinha, onde o Sol
permanente,
Com as paredes recheadas de todos os livros, que não se teve
tempo de ler,
Hoje espalhados entre a falta de vagar e as horas de
pirataria e salivação
Condicionada, hoje a cabana vazia nos sonhos arquivados nas
resignações,
A vida é assim, sim, alguns tiveram que ir para longe,
outros para mais longe
Ainda, e tudo passou a valer a pena uma ou duas vezes no
ano,
No tasco da terra, quando se bebem umas cervejas até
aguentar o Sol
Da manhã durante umas horas, jogando ao xino com uma das
últimas figuras mitológicas
Da vila, por isso, és um borracho, não dos que mostram
orgulhosamente
O vazio da sua caixa óssea nos bares e discotecas da
periferia, e são pagos por isso,
Ainda houve quem criou uma possível metade numa sueca,
O que pior sabia jogar nos intervalos, enquanto uns semeavam
sonhos menores,
Sem contar com os medos da descendência gerada em pântanos
nórdicos,
Ficámos por aqui, entre filhos, casamentos porque teve que
ser,
E até se é feliz, entre cornos, e filhos, melhor nos
casamentos dos amigos,
Até se vai andando bem na língua dos outros, também é o que
é,
A vida, trabalhamos oito horas por dia, muitas vezes não se
sabe bem
Para quem, nem onde tantos segundos são transformados em
riqueza,
Não a nossa, não, ninguém sabia cantar, houve ilusões de
câmara na mão,
Mas de actores, nem de gaita na mão de madrugada a fingir
medo
E fodas em tendas na mira da foice de um psicopata
serial-killer,
Que nem sempre o são, nós nem uma coisa, nem outra,
Morreremos e seremos apagados em menos de cinco décadas
De cinco cérebros no máximo, tudo o resto foram cinzas de
sonhos
Levadas pelo vento do tempo, ficámos aquém, mesmo assim,
Nunca ninguém esperou que fizéssemos aquela curva na estrada
de província.
24.02.2015
Turku
João Bosco da Silva
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