Ronco II
Um gajo esfarrapa-se todo por estes gajos e nada, esta gente
toda,
Que vive e pensa e sonha e teme e deseja e fode, engole,
fodia mais
Se lhe baixassem as calças por serem todos tão especiais,
mas nada,
Um gajo pode ser grande, mesmo muito grande, mas não existe
Enquanto não entrar em alguém, precisámos de olhos como do
corpo,
Com o tempo fala-se com árvores, pedras, deus até, a água
Engole-se , mas antes agradecemos-lhe a frescura, é isto,
mas um gajo
Esfarrapa-se todo, arma-se em mutante dos nervos, nem um
pássaro
Se levante, abre-se a janela, um frio terrível, nem dá
vontade de grandes
Gritos, abre-se mais uma garrafa e grita-se ao contrário,
engole-se pronto,
Não vale a pena, são todos umas putas armadas em santas,
Uns miseráveis gordos de fome e solidão, querem é beiça
E prepúcio retraído, nem é papel, é mesmo fome de um sovaco
azedo
Que os abrace, anda um gajo a esfarrapar-se por isto,
Há fomes piores, o musgo seca, o menino jesus do presépio
Não tem mãos, os olhos parecem que enrugaram e o menino
Que não morreu, parece apodrecer no colo que rejeita
Porque agora é homem, anda um gajo neste negócio de pérolas,
Para os porcos dormirem sossegados nos palácios que os
burros admiram.
07.02.2015
Turku
João Bosco da Silva
Poema lido por Marlene Babo: https://soundcloud.com/mar-babo/poema-joao-bosco-da-silva
Poema lido por Marlene Babo: https://soundcloud.com/mar-babo/poema-joao-bosco-da-silva
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