Ronco V
Enquanto a minha cara incha pelo tédio, pela derrota dos anos, pelas submissão
Enquanto a minha cara incha pelo tédio, pela derrota dos anos, pelas submissão
Ao álcool por nunca ter conseguido ter a vida que me
ensinaram a viver
Na televisão e nos livros, relembro a glória que foram os
anos em que
Supostamente ainda não era tempo de ser, fosse o que fosse, naquele
aniversário
Do primo dela, no carro da minha mãe, com o cabelo a
acumular humidade
E ondas proporcionais às penetrações, o meu aniversário
também,
No rio onde afogaram gerações de cães e de sonhos, onde
lançámos
Mais tarde a cinza dos cigarros dos avôs, resgatados da
ditadura e das colónias,
A caminho da posta mal passada e do vinho tinto capaz de
aguentar geadas
Nos pipos das adegas eternas, hajam brasas e um amigo dos
que nos viram
De luvas nas primeiras aulas da manhã, porque ao menos
luvas,
Dos que nos viram plantar uma miopia que foi crescendo para
A vergonha da líbido dos dezoito anos e daqueles dedos
esfomeados
Por carnavais e máscaras em sofás nos futuros postos da GNR
que ainda hoje
Promessas de presidentes da junta de esquerda e direita,
ping-pong
De países vestidos de democracia para o carnaval que têm
sido as últimas décadas,
E é isto, que mais se espera de um indivíduo que trocou a
missa de Domingo
Pela ressaca das manhãs indiscriminadas, deixou os acólitos
porque a fórmula um, afinal,
Algo aborrecidíssimo, coisa de nórdicos ou alemães e padres
que pelas
Línguas estéreis foram fodidos de lá para fora antes das
voltas terem sido todas dadas.
Turku
18.02.2015
João Bosco da Silva
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