Os bombos tentam calar-me, mas já não consigo ter paciência
para o ritmo dos dedos,
As chamas aquecem apenas o olhar e os poetas todos, aposto
que a estas horas
Bebem, cheiram-se todos e sãos os melhores amigos uns dos
outros,
Vêm-se depois confessar aos padres miseráveis da periferia,
afogados no tédio,
Em sofás esburacados pelo frio dos invernos demasiado
inesperados todos os anos,
E é isto, peço desculpa pelos agradecimentos aos poetas,
desculpem que não
Seja apenas carvão, ainda brasas, porra e isto nem queima,
soprem cabrões,
Ao ritmo dos bombos, nas palhas, no Minho, na matança do
porco, ou na Galiza,
É igual, não se usava gás, abria-se também o porco de outra
forma,
Daí eu escrever tão aberto, o rasgo vai de cima até aos
colhões do animal,
Era quase sempre porca, contudo, os anos oitenta ainda
espreitavam
Nas farmácias e os iogurtes tinham uma forma de engate
ultrapassado
Com bonecos unicolores, meu deus, que pretendo com isto,
Ultrapassar o Hércules pela Grécia fora, hoje não sei se
venceria
Tanta cabeça de Hidra, os bombos não conseguem a ressonância
Precisa com as cinzas, então morre-se um pouco, a geada
recebe de braços abertos.
19.02.2015
Turku
João Bosco da Silva
Sem comentários:
Enviar um comentário