Licor De Morango Silvestre
De Cidões
O rio, lentamente, aquece, os peixes renovam-se, os que
engoli, querem esquecer-me,
A cara depois de escurecer, empalidece com o que teve que
levar, quem diria, que a língua
Bruta capaz de obrigar à mudança dos lençóis e da cama para
o sofá, os tios já não podem
Comigo para atravessar o rio, nem eu com eles, ficamos do
lado de cá, espero que por muitos
Anos e bebemos as garrafas de vinho que o meu avô deixou
para o meu pai engarrafar,
Armamos uma tenda entre os medos ancestrais e os gritos
histéricos, porque os lobos
Algures entre o nosso medo e a sua extinção, meu tio,
aguarde agora, tenho que falar
De uns gajos que ninguém realmente conhece, o Hunter chega
com as meias das raquetes
E o copo cheio, pede gelo, dizemos claro, que não há,
estamos no rio, o Hemingway
Pergunta de onde vieram os cartuchos, o meu avô inocente, já
não enche cartucheiras,
O único que tem razão a esta hora antes de cairmos nas
tendas é o Jim, quando somos
Estranhos arrancamos amieiros para fazer café, confessamos o
gosto por cu fresco,
E encontramos adeptos da estrela do mar de chocolate, umas
semanas nisto e acordava
Tão iluminado numa manhã de garrafas vazias quanto o Jack, a
mula venderam-na,
Ou então foi para o mesmo lugar dos cães de caça do avô,
chumbo, veneno,
Só enforcam quem usa botas, é triste, contudo, o rio não
parece tão fundo
Antes do entardecer, nem o céu parece tão longe, nem o
infinito aguenta a dúvida,
E agora, que fazer, quando ninguém pode comigo para me levar
às costas para o outro lado do rio.
Turku
13.05.2015
João Bosco da Silva
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