“You are fucked up,
fucked up
This is fucked up,
fucked up
Be your black swan,
black swan
I´m for spare parts,
broken up”
Thom Yorke
Estranhamente, quem deixou a marca, foram os paralelos em
mim, descendo o caminho
Da igreja, em direcção ao esquecimento, até de manhã alguém
me pedir, pedir,
Para descer e ir almoçar, na televisão nada, nem o Garfield
enquanto os que comiam
Na escola jogavam ao sete e meio ou à bola, por isso a minha
personalidade
Se tornou mais parecida à de um gato cor de laranja em vez
de um típico amante da bola,
O sino, já são as seis e tu agora a multiplicar paralelos a
caminho das mantas e da humidade,
Dos fungos nas bandas desenhadas, dos livros lidos uma e
outra vez na esperança de uma
Iluminação depois de se apagar a luz inventada pelo homem,
vai tudo com o caralho,
Eis o além, já nem na tasca me suportam, tenho coleccionado
demasiadas garrafas
Vazias, mas mesmo assim, não compensa a sombra escura da minha
alma nos bebedores
De vinho encornados com os bolsos leves pelas putas, pego no
carro e atiro-me contra
O último lugar onde fui puro, e mesmo ali, onde foi lido
aquele poema número dez,
Aquele que me fez poeta, bêbado, com uma grade de cervejas
para acabar,
Despi as calças enquanto a professora trancava a porta, e
entre a apneia
De língua em lábios e eu algures na fome, batendo à porta
alternando ângulos,
Lá me vim na pureza, na geada que caia lá fora, assinando o
regresso à perdição
Sem retorno, hoje restam-me as cerejas, em cima das
cerejeiras herdadas pela
Gula aldeã que separa os irmãos, hoje resta-me, nada, que se foda,
Apesar de ter mergulhado em merda, tenho as mãos vazias,
venha ela, o sino tocará sempre.
28.05.2015
Turku
João Bosco da Silva
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