Arte De Ser Fodido
Já me foderam vezes que cheguem, tu sabes, acreditar na
amizade de certa gente,
Acreditar na cona crua cheia de fominha, acreditar nos
dentes desconfiados da confiança,
Nos copos cheios dos amigos vazios, nas manhãs de Sol que
prometem dias longos,
Nos bagaços antes de dormir com o cheiro nos dedos por
lavar, no estômago,
O meu e dos outros, nos olhos e na experiência, que nos diz
sempre que não sabemos
Um caralho e é verdade, nem o caralho sabe bem a quantas
anda depois de certa andança,
A pele apesar de cada vez mais enrugada, manchada, seca,
habituando-se a eternidades
De terra nos olhos, cada vez mais à prova de dedos no cu com
sorrisos amarelos nas beiças
E pior, nos olhos, aprende-se a ignorar a íris e a ler a pupila
como quem olha a bóia enquanto
Pesca de cana, os olhos já não se enrugam por tudo e por
nada, não se rasgam em cegueiras
Sinceras, não, chegaram as madrugadas infelizes a tentar
roer raízes nos tascos da terra,
Nunca desças ao nível dos tristes que se alimentam da
promessa de um ridículo maior,
Engole, engole, a garganta habitua-se depois de todas as
fodas, de todos os ácidos
E venenos que engole, os piores são os dos melhores, mas a
pele endurece,
Os anos não se esquecem, os dias prometem cada vez menos,
cada vez pior,
Já me foderam vezes que cheguem, contudo, continuo vivo ,
não me falte saliva para aguentar.
27.07.2015
Turku
João Bosco da Silva
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