Cemitério De Yanaka
Entre milhares de silêncios desconhecidos, debaixo de uma
chuva miúda
Que humedece os ossos até à alma, rodeado de nomes gravados
em pedras,
Cobertas pelo verde do esquecimento e pela mudez improvável
do coração
De um monstro, sinto-me em casa, como naquelas tardes de
tempestade
No fim do verão, em cima de fragas sem nome, vendo no
horizonte
O acender súbito dos relâmpagos anónimos, as lanternas de
pedra,
Tão apagadas quanto os meus olhos naqueles dias cinzentos,
em casa,
Mergulhado em silêncios asfixiantes, como portões de pedra
que encerram
A eternidade de quem perdeu a sua amostra de infinito,
No cemitério de Yanaka, longe de todos os que antes de mim,
Encontro-me com o destino comum e estrangeiro, a casa de
todos, o silêncio
De pedra, entre árvores que esperam o Sol que a chuva lhes
promete.
02.01.2016
Turku
João Bosco da Silva
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