sábado, 19 de dezembro de 2015

American Dream

Conheceram-se no exército americano, eu na cozinha naquela festa de estudantes,
Não sei se o futuro brilhante, mas andei a cuspir brilhantes durante uns dias,
Tiraram fotografias na praia no dia do casamento, faltava um cavalo,
Eu parecia um a montar à pressa antes que alguém viesse buscar um copo
Ou à procura de quem os tinha ido buscar, a filha ruiva e ambos com dentes
Que facilitam o reconhecimento de cadáveres quanto à proveniência,
Tudo tão longe, os óculos chocados da velha quando abriu a porta
E viu a amante de franceses a chamar puta a um portuga, entretanto
Mundos acabaram, outras guerras foram inventadas para desculpar mais umas
Linhas imaginárias, justificadas com outros frutos da imaginação,
Se calhar entre as hemácias ainda me corre uma purpurina daquela noite,
Aquelas beiças imaculadas, tão lisas como a inocência, as mãos cheias de orgulho
Texano, longe, dedica-te à pesca, dizem-me em relação a escrever poesia,
Tenho apanhado belas tempestades, é só um deixar-se afogar mais uma vez
E esperar que no fim os destroços sejam lidos por alguém que também
Acredite que o passado é influenciado pelo futuro.

19.12.2015

Turku

João Bosco da Silva

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