Fragamentações - Haikus Trasmontanos
Atrás do Gary Snyder
Em direcção ao monte
De São Brás.
Cheira à geada
Antes do
Verbo.
Encontras um amigo
No acaso e amanhece
No crepúsculo.
Será que não percebem
Que o dinheiro não comprará
Uma nova Terra?
As raposas, selvagens,
Gostam de cagar
No alto.
A motosserra subjuga
O cantar dos
Pássaros
A gasolina um dia
Acaba e as aves
Serão ouvidas.
Nesta fraga escrevi
Um poema, hoje
Num livro na capital.
Gary Snyder, hoje
O nosso Jack
Está comigo.
Tudo arde, contudo
O verde regressa
Além do fim.
As hastes dos óculos
Atrás da orelhas,
Os carros que passam.
Obrigado pelo silêncio
Da solidão
Possível.
Rodeado de Montes
A eternidade parece
Segura.
Ouço as folhas cair
E lembro-me da
Infância.
Ao Sol o orvalho
Das couves, breves
Diamantes.
Tantas vezes me
Quis perder
No regresso.
As telhas que cobriam
Hoje esmagadas
Sob os pés.
Anoitece e cai nos
Olhos de uma mãe
A saudade.
Dezembro 2015, Torre de Dona Chama
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