A Menina No Santuário Meiji
Enquanto a chuva cai entre casamentos no Santuário Meiji, os
votos já se esquecem
Na caixa de madeira protegida pela irmã sagrada, um rapaz
não consegue tirar os olhos
Das pernas de uma ganguro, os noivos são felicitados e
assediados por objectivas
Anónimas e estrangeiras, à volta do canforeiro forma-se um
anel mais claro
Onde a água não chega, mesmo que esquecidas, as promessas,
estão secas,
Limpa de todas as promessas secas no esquecimento, uma
menina, dança à chuva,
Salta sobre pequenos charcos que se formam, não quer saber
da paz do mundo,
Acha engraçado atirar uma moeda pequena ao ofertório e que
toquem no sino,
Mas prefere sentir a chuva cair e dançar para os
estrangeiros que se protegem da chuva,
Ainda tem em si a salvação do céu cinzento no horizonte
futuro, não se interessa
Com a chuva, porque dentro dela ainda brilha uma estrela que
a protege,
Ela a irmã mais próxima do canforeiro que protege os votos
perdidos dos adultos
Que em vez de aproveitarem a dádiva dos céus, se escondem na
sombra
A invejar a inocência e a tentar aprisiona-la em três versos
num papel seco.
04.01.2015
Turku
João Bosco da Silva
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