Shibuya
Foi numa das ruas que desagua na passadeira de Shibuya,
estava encostado a uma montra
Enquanto acendias os olhos com mil brilhos artificiais em
direção a mais uma loja,
Aquela gente passava com os seus pecados, os seus medos, os seus
sonhos, as suas crenças,
Cada um com o seu próprio cansaço no olhar, olhando tudo
menos os olhos que passavam,
Senti-me na berma de um deslizamento de carne que passa e
leva a vida pelo caminho,
Procurei o refúgio de uma estrela, mas as luzes artificiais
tinham apagado o céu,
Restou-me olhar para os próprios pés, como quem procura uma
raiz onde se agarrar,
Aí tu regressaste com um saco novo, eu larguei a raiz,
deixei-me ir e lá fomos os dois
Desaguar na estação de metro, onde quem não dormia,
cabeceava escondido
Atrás de uma solidão imensa que cabe na palma de uma mão
iludida e vazia.
20.01.2016
Turku
João Bosco da Silva
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