Postal Cansado Que Perdeu Todas As Cores Pelo Caminho
Penso que fiquei naquele dia em Julho, numa tasca vindo do
Palácio do Freixo,
Senti que a cada ilustração, um pouco de mim lá ficava, nas
manchas dos teus olhos,
Cada vez mais monocromático, debaixo das folhas de videira
na esplanada
Ainda sentia o verde, das folhas, dos nossos olhos, do
futuro que tão longe
E ali perto as mil cores de Dali e o rio, tão imprevisíveis
como o horizonte
Com a distância subtraída, na manhã seguinte ainda vi a cor
do pão,
Comprado na mercearia do lado, e o cemitério de Paranhos
ainda tinha flores
Coloridas e chamas vermelhas apesar da tristeza que se levava
para casa,
Devo ter ficado todo no cheiro do café, à noite já tive que
te perseguir rua acima,
Não sei bem onde querias ir por aquela rua escura daquela
cidade que não conhecias,
Daí marcares cada passo com lágrimas que te enxuguei nos
lençóis,
Fiquei por lá de certeza, mas ainda há madrugadas em que
recebo um amanhecer azul,
Como um postal cansado que perdeu todas as cores pelo
caminho até mim.
22.01.2016
Turku
João Bosco da Silva
Sem comentários:
Enviar um comentário