quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Quantum

Às vezes quando passo pela minha antiga janela, daquela casa de madeira perto da catedral,
Evito olhar para dentro, ainda posso lá estar a olhar para o monitor ou por cima dele,
Para os ramos da árvore em frente, nus, à espera da Primavera como eu espero o próximo
Verso, o próximo Verão, só no Verão vivo realmente, o resto é congelar ou descongelar,
Às vezes olho e afinal as cortinas diferentes, outro monitor, nunca alguém, parece impossível
Alguém, depois de tantas horas a consumir vazio ou a tornar a vida em nada, a não ser numas
Palavras e um horizonte sempre longínquo, um dia pode ser que passe por lá
Ao mesmo tempo de uma dessas ondas de Einstein, ou na hora da sesta de deus,
Aí olharei para mim e sorrirei como quem quer mostrar que está tudo bem, tudo melhor,
Mesmo que não esteja, sorrirei para os olhos que procuram o verso e a eternidade
E continuarei em direcção ao esquecimento ou o próximo bar.

Turku

24.02.2016


João Bosco da Silva

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