Em cada nova boca encontrava um eco cada vez mais
diluído
Da verdade que foram os teus lábios de sonho
E vinha-me com a certeza e a vontade do vazio
E sentia que me engoliam sem qualquer magia,
Como se fosse um reflexo esculpido pelo hábito
Da obrigação, os batons rodeavam-me, anónimos e
diversos,
Contudo sinceros no toque e com um brilho parecido ao
desejo
No olhar, mas um desejo que se pede, mais do que rói
por dentro
E no fim cede-se a um convite para tomar chá, já que o
vinho
Perdeu
o sabor, a vodka se enjoou há anos numa ilha
Que acabou por se tornar no modelo do purgatório
E não é sede, não há sede, só uma solidão que apaga
Aos poucos com os ecos diluídos que se encontram nas
bocas
Que te sucederam, todos aqueles verões de saliva
E uma ordem de marfim forçado, cada vez mais pálidos
perante
O esquecimento.
Turku
14.03.2016
João Bosco da Silva
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