Quanto De Ti É Já Defunto
Quanto de ti é já defunto ou rua escura numa aldeia quase
deserta do interior,
Quanto de ti te deixou e já não és senão o esquecimento da
tua voz nos outros,
Procuram-te no degrau que falham nas escadas de um prédio
sem luz,
Quanto de ti ficou nas páginas que visitaste sem o toque da
saliva
E dos dedos engordurados pelos dias, a quem te deste, diz-me
e dir-te-ei quem és,
Não te procures nos espelhos partidos dos outros, leva antes
umas flores de plástico
Que duram mais e com os olhos fechados contra o Sol de
Agosto,
Revisita o som do teu nome nos lábios que já secaram de ti,
Quanto de ti é já defunto, o suor na testa do pai e terra
revolvida no quintal
E te dizem que agora ali o teu gato, o teu cão e todos os
sonhos que não levaste.
Turku
23-04-2016
João Bosco da Silva
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