Não posso ir agora, assim, já, ainda é cedo para me
continuares
A contar histórias da guerra e do caralho, ainda acho que
tenho
Uma carta ou duas, mesmo que pareça que já está tudo
queimado,
A cama parece-me a coisa mais apetitosa do dia, daí gostar
tanto
Do café das quatro da tarde na varanda enquanto o resto do
mundo
Regressa já cansado da vida, dos cornos, dos trocos para o
papel higiénico,
Eu ao menos, apesar do cu limpo no esquecimento, sei que
salvei alguém
Para mais uns dias neste aquário de piranhas com milhões de
peixinhos dourados
Para serem comidos pela fome das barrigas maiores, mas
caralho,
Eu não posso ir assim, já, nem o raio de um bastardo se
anunciou,
Tantos bancos de trás de tanta boleia, e nem um bastardo,
Vomitei tantas vezes na fome de cadelas, ninguém terá
engolido
A minha vontade, terá sido tudo mentira, vou cortar no quê
agora,
Até me apetece um ponto de interrogação num palheiro
No dia da festa de uma aldeia em Agosto, não posso ir assim
agora,
Mas já amanhece e eu pouco mais tenho a dizer a não ser
palavras
De revolta que só o poeta da capital vê, mal sabe ele o que
é a vida
Seja onde for além da capital de um império fossilizado.
12.05.2016
Turku
João Bosco da Silva
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