Perdição De Jerónimo Bosch
Estou perdido, o aço japonês pede-me ao menos a salvação da
honra,
Mas ficou-me esquecida na mesma gaveta onde deixei a fé,
Pedia só mais um pecado à beira do abismo onde fomos paridos
Para extinguirmos uns quantos antes do suicídio dar
resultado,
Dá-me a mão, suja, o quer que seja, um olhar com um pingo de
vontade,
Uma corda que não seja à volta do pescoço, estou perdido
numa cidade longe,
Num corpo estranho, num ano quase impossível que um dia
futuro,
Ao menos grilos na erva seca de uma noite de escorpiões
E tendas à espera dos amigos perdidos e das punhetas
ressuscitadas,
Só a barba cresce e os cabelos brancos e o potencial para
fracassar,
Campónio, sim, campónio, em liberdade nesta prisão a céu
aberto,
Neste berlinde cósmico, estou perdido neste saco de estrume
por abrir.
Turku
25.05.2016
João Bosco da Silva
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