Botar Enxofre À Vinha
para o meu pai,
No ar daquela manhã o cheiro do Inferno, o Sol acendia o
alvoroço
De asas e roçar de patas, Nietzsche no colo, nádegas
sentadas
Sobre um banco improvisado de xisto azul e o pai a misturar
suor
Com enxofre, enquanto eu, do cimo da vinha, procurava
tornar-me
No poeta que só mais tarde conheceria, ali ainda entre o bem
e o mal,
O pai jovem longe das dores nas cruzes, eu um garoto bem
alimentado
A punhetas extraídas dos olhos fechados, a séculos do passo
seguinte
E de todas as distâncias progressivas e irreversíveis,
Além do bem e do mal perfumado pelo roçar das folhas da
videira
No ar expectante da manhã, o meu pai contente só por eu
estar ali
A procurá-lo de vez em quando entre as cepas e mais um
parágrafo.
29.05.2016
Turku
João Bosco da Silva
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