Estás aqui comigo, topas, se te conto que quase tropecei num
Picasso
Quando me passou a tua morte nos olhos e o quadro a encolher,
A tornar-se insignificante, num lixo adiado, e no lugar do
quadro
Uma Coca-Cola que não se esquece, num Verão quente da
adolescência,
Depois das aulas de computador, em Mirandela numa ruela
Enquanto se fazia tempo para apanhar a carreira podre
De regresso à terra, através da canícula e muitas curvas
Num autocarro de portas abertas, eu com sede
E nos bolsos o dinheiro contadinho para o bilhete,
Andas por aqui sozinho meu filho, anda beber um copo comigo,
E aquela Coca-Cola preciosa, uma obra de arte num lugar
especial
Do meu museu interior, que levarei comigo, quando for aí
ter,
Esquece todas as falhas, todos os rascunhos que acabaram em
erro,
Aquela Coca-Cola, naquela tarde quente ao teu vizinho,
Foi mais uma chave para a eternidade, podes entrar, topas?
Los Angeles
21-11-2016
João Bosco da Silva
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