para o meu amigo Tomé
Passar a tarde no café a beber vinho do porto
Até serem horas de ter vergonha e ir para casa
Antes dos camarões arrefecerem e o polvo encolher
Até ao tamanho da memória de alguns Natais,
Chegar a casa a tempo do início de um dos filmes típicos,
Já entre a bebedeira e a ressaca, pronto para a sede do
bacalhau
E do vinho tinto da última colheita que escorrega
lubrificado
Pelo azeite novo, comer e continuar nos licores
Até à hora de quem tem fome de influenza em pés de barro
E canibalismo simbólico, fumar bem os anos todos
E continuar a beber por entre as ruínas do presépio
Coberto de papel de embrulho que encerrava o medo do
esquecimento,
Lembrei-me de ti, lembrar-me-ei sempre de ti a quem não darei
Sequer mais um abraço, amanhã não haverá porco para matar,
Nem é preciso, não neste ano de cheiro constante a sangue no
ar,
Lembrei-me de ti, não por estar longe,
Mas por ser o primeiro em que nunca mais estarás.
24.12.2016
Turku
Joao Bosco da Silva
Sem comentários:
Enviar um comentário