Lavagem Dos Paralelos Em Julho
Naquele verão li uma pescaria inteira encostado a um choupo
À sombra da infância, enquanto ouvia inconscientemente
Os púbicos a crescer nas virilhas adolescentes das amigas da
minha irmã
E o rio passava levando os segundos todos aos assentadores
de paralelos
Que fazem estradas até verões chuvosos, devem andar todos
fartos
Daquele verão tão espremido em ângulos diversos e vertido
Em versos parecidos a mais nada para ocupar a inocência
silenciosa
De umas linhas em branco, já não estou habituado a viver,
Só sinto o sabor do que mordo, quando depois do sangue já
coagulado,
Passo a língua nos dentes palidamente metálicos com um gosto
Já a melancolia e passado, moedas de cobre fora de
circulação,
Só pelo filtro da saudade consigo perceber um dia de Sol
E estes verões de agora, longos fins de Setembro mas sem as
tempestades
Das fomes adolescentes, só humidade nos ossos e cansaço nas
bentas
Que viram tão pouco e parecem ter passado por tudo.
Helsínquia
13-07-2017
João Bosco da Silva
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