Lago Baikal
Será que quando olham para o céu à noite e veem um avião
A cruzar o céu espelhado no lago, imaginam que vá cheio
De sonhos desconhecidos, caras marcadas pelos anos
Ou pela inocência, medos adormecidos ou aprisionados
Num joelho inquieto, desejos escondidos nas luzes apagadas
E nas portas fechadas onde tudo acontece de todas as formas
Imaginadas, será que imaginam também o peso que os vazios
Deixam em cada um daqueles números que um dia cruzaram
No céu o lago Baikal com os pulmões cheios de um ar reciclado
Por tantos estranhos acasos, como poderei escrever
Todas as cartas quando o céu nocturno se tornar todo branco,
Será que alguém nesta noite vê no lago uma luz vermelha
E sabe que estou a pensar nela e no seu coração desconhecido
Ao frio, será que sabe que não está só?
Lago Baikal (sobre)
31.11.2017
João Bosco da Silva
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