Primeiro Café
Houve um tempo em que gostava de me fazer de puta fina,
Que as estrangeiras me pagassem o táxi ou as estudantes a pizza no turco,
Agora basta-me o sossego de um dedo agitado,
O que o olhar da minha mãe me traz de longe,
A certeza da eternidade que ainda é do meu pai,
Os sonhos que trazem Sol à madrugada gelada
E um primeiro café depois de mais uma última noite,
Mais um fim que se arrepende num amanhecer
E na mesa de cabeceira aquele livro de sempre, aberto,
À espera de mais um dia que fique, mais uma passagem
Pelos olhos emprestados por todos aqueles que fui
E os que ficaram de ser, para que a almofada
Me possa reconhecer o hálito dos dias que me foram engolindo.
Turku
17.12.2017
João Bosco da Silva
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