segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Primeiro Café 

Houve um tempo em que gostava de me fazer de puta fina, 
Que as estrangeiras me pagassem o táxi ou as estudantes a pizza no turco, 
Agora basta-me o sossego de um dedo agitado, 
O que o olhar da minha mãe me traz de longe, 
A certeza da eternidade que ainda é do meu pai, 
Os sonhos que trazem Sol à madrugada gelada 
E um primeiro café depois de mais uma última noite, 
Mais um fim que se arrepende num amanhecer 
E na mesa de cabeceira aquele livro de sempre, aberto, 
À espera de mais um dia que fique, mais uma passagem 
Pelos olhos emprestados por todos aqueles que fui 
E os que ficaram de ser, para que a almofada 
Me possa reconhecer o hálito dos dias que me foram engolindo. 

Turku 

17.12.2017 

João Bosco da Silva 

Sem comentários:

Enviar um comentário