Que Se Foda
Meio-dia e meio, cerveja na mesa, o mundo na rua lá fora se digere,
Ignorando o sushi, a caminho do fim, como todos os pés passeio fora,
Acelerador abaixo, comecei um livro do Bukowski, tão amargo
Que tem sempre razão, não dá para olhar o mundo com um sorriso,
Inspirar fundo rodeado por um cheiro a fossa com ar saudável,
Cada vez menos sou capaz de tolerar olhares desconhecidos,
Reduzi ao máximo a superfície de contacto entre o meu universo
E os deles, a minha alma se preferirem, essa que facilmente vendi
Num dia de São Patrício por um chapéu de feltro verde,
Passei bem sem ela, mas uma noite mais tarde lá a recuperei
De volta em troca duma cerveja, está Sol e parece que soltaram
Uma avalanche de carne fresca, abatia tudo, não fossem os infernos
Reservados além daquelas putas pupilas, mais vale isto,
Uma cerveja antes da uma por cima do sake e do salmão,
Duas moscas de bar de gerações diferentes e uma empregada
Cuja cor dos olhos não vi sequer, pode arder o mundo lá fora
Que não me levanto enquanto houver paz no copo.
Turku
11/04/2018
João Bosco da Silva
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