Voam as libélulas
a hipocrisia
afoga-se no vinho.
Nesta casa pequena
podia haver
mais um copo.
Sempre difícil partir
quando se chega
tão pouco.
Não tentes apagar
o que não podes
esquecer.
O poeta escreve
na máquina -
estão a fazer pipocas.
Canta um galo
e regresso
verdadeiramente.
Ainda os lagares
tão vazios
e as moscas desesperadas.
Ao Sol da manhã
não precisa de açúcar
o café.
O deslumbramento
dos tolos
fascina-me.
Quem cortará
o presunto -
vespa no dedo.
Aberta a melancia
sobre a mesa -
quem a esqueceu?
Longe, tudo
sempre -
a vontade.
Pastam as mulas
o Sol
que a terra guarda.
Tantas portas
se abriram
pela fome.
Enquanto parto
três juncos
o rio passa.
A vespa pica
até as mãos
mais inocentes.
Em frente ao rio
de joelhos
nasce um haiku.
Passa o rio
com ele
nós também.
Quantas vezes
só o exosqueleto
parte.
Cidões, Agosto 2018
João Bosco da Silva
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