Casaco Castanho do Meu Pai
Há semanas que não encontro lugar onde me sentar,
Espaço onde cuspir as ruminâncias que me ajudam a engolir
O Inverno quando não há lareira nem despojos de infância,
Tento trazer o sabor dos pinhões ao verso,
Mas na pinha só vejo a chama que já não me aquece,
Só queria num momento o cheiro do casaco castanho do meu pai,
Quando tudo era eterno e o tempo era mais um dia,
Tenho fome, mas fome só do queijo com marmelada
Que não voltarei a comer, não sei como cheguei aqui,
Durar tanto para se chegar onde se não está,
Como posso sentar-me agora e encontrar-me,
Se não trouxe comigo o canto das andorinhas.
Turku
25.01.2019
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