Incompleto
É triste perder um amor, mas mais triste é perder a vontade de o foder,
Olhar as luzes longínquas onde mora gente, se calhar desconhecidos
Para sempre, ou com potêncial esmagador de certas aparições,
E ter vontade de uma nova perdição, de uma tristeza aconchegante,
Algo que quebre o silêncio da neve com uma dureza nocturna,
Cada primeiro beijo é um Inverno por chegar,
A textura quente da novidade gasta-se como um cheiro demasiado familiar,
Resta apenas aquilo que realmente cansamos, nós mesmos,
Numa moldura de um olhar novo, mas tão sempre iguais
Ao medo de não nos reconhecer-mos nos primeiros espelhos,
Tudo se torna numa repeticão onde se verte o futuro ora num vazio,
Ora numa extensa esterilidade que rapidamente te pede que te varras todo,
Como se o que antes se pedia nas entranhas, agora uma contaminação
Repugnante numa pele mais pronta a um nome para esquecer.
Turku
11.01.2019
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