Da Distância
Enquanto bebo este café distante, encostado a uma pele que me parece emprestada,
Não é a água quente do Índico que me faz lembrar da tua envolvência
Em noites estreladas e secas, nem sequer me lembro de ti, tal é a abundância de fruta fresca,
São as notas com muitos zeros que me fazem ruminar e como hortelã-pimenta,
Surge fresca a memória daqueles dez contos e o último abraço do meu avô,
Antes de partir com as perdizes e os javalis que caçou, o mar pouco me diz,
Cheio de segredos e abismos demasiado profundos para uma alma pesada,
Não temo nem desejo o horizonte, só o esquecimento me assusta, por isso,
Pego numa nota de cem mil rupias e relembro como quem perde uma vez mais
E os momentos passam, ficando só um abraço no vazio, uma mão estendida
Algures na memória, tão próxima quanto os sonhos quando se acorda.
Canggu
09.02.2019
João Bosco da Silva
Sem comentários:
Enviar um comentário