Haikus - Bali
Cantam os grilos
estrangeiros -
subitamente em casa.
Não deixes cair
na água
os sonhos maduros.
Da mesma água
os sonhos
e os pesadelos.
Engrossa o ar
antes
da tempestade.
A garrafa vazia
agora cheia
de flores.
O paraíso arde -
fecha
os olhos.
Já bolorento
o pão -
queimaram o restolho.
Ser-se útil
na solidão -
inútil.
Passa a felicidade
como uma chuva
miudinha.
Mais rápido
que as lágrimas
secam os sonhos.
Mastigo a frescura
da hortelã-pimenta
como a tua ausência.
Ainda do meu lado
quando acordo -
menos que almofada.
Sem perder
não conheço
o tamanho das mãos.
Recordar longe
na distância
presente.
Aprende a ser
breve
como a borboleta.
Triste o amor
quando se esgota
A areia.
Silenciosos
os guardiões de pedra
enfrentam a eternidade.
Na floresta dos macacos
ouço os pombos
aflitos.
Engulo a paisagem
quente
como chá verde.
Nos poros de pedra
o sabor verde
dos séculos.
Amadurecem
os cocos
antes da queda.
Crepitam as urzes
em Julho
na memória.
Em fevereiro
todos
os verões.
Esgarram
nos cemitérios -
ignorantes.
Barrigas cheias
de ridículo -
os colonizadores.
Fazer de três versos
um grilo
no jardim.
Adverte o sapo
antes da tempestade -
repelente.
Em todas as libelinhas
os olhos
da minha mãe.
Perto do fim
ainda
se caminha.
Fevereiro 2019, Bali
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