quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Disforia 

Em cada promessa uma dor que se planta, 
O vazio é dono de todas as verdades 
E os sonhos não passam do confronto  
Dos nossos animais com as páginas 
Dos livros sagrados que nos foram 
Rasgando na carne, hoje existe apenas 
A certeza dos beijos para nada 
E tudo o resto são noites que sempre 
Acabam em arrependimento 
E evidências que fermentam 
Em remorso de pernas abertas 
E abraços sem despedidas, 
Que diz o asfalto frio onde os passos 
Solitários caminham em direcção 
À manhã triste, nada, nada mais real 
Que o eco de um copo vazio, 
Ainda em cima da mesa onde 
Por momentos se acreditou 
Que não é possível ser-se invisível, 
Fazem falta os cães vadios 
Nas cidades desertas, a companhia 
De um ladrar anónimo nas páginas em branco, 
Tudo acaba na certeza de umas mãos 
Vazias, nunca se tem nada de verdade. 

Turku 

02.07.2019 

João Bosco da Silva 

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