domingo, 8 de setembro de 2019



Haikus Austríacos 

Entre as máquinas 
de guerra 
floresce a cerejeira. 

Quando o verde arde  
                      -  
silêncio. 

Choram 
a cinza 
do passado. 

Quem paga 
a cinza 
do futuro? 

Arde o verde 
e o futuro - 
plantam silêncio. 

Perante o fogo 
o imortal 
do tamanho real. 

Não há deuses 
nem imortais 
quando a pedra escurece. 

Crepúsculo de Inverno 
em casa -  
Sol de Abril. 

Tentar medir 
o silêncio -  
olhos no quadro. 

Quando a eternidade 
se revela frágil 
nasce o fascínio. 

Até que a terra 
se alimente -  
crianças violentas. 

Hortelã-pimenta  
plantada pela mãe -  
que fome. 

Colecionam-se 
papéis perdidos - 
teme-se o esquecimento. 

Não há amizade 
que resista ao espelho -  
cabelos brancos. 

Acaba mais depressa 
um amor 
que um moleskine. 

Impossível amar os lábios 
cujo caminho 
se conhece. 

Impossível o amor 
aos lábios da rua 
onde moras. 

Quem a vinho 
ama 
a vinho odeia. 

Viena, Abril 2019 

João Bosco da Silva 

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