Entre as máquinas
de guerra
floresce a cerejeira.
Quando o verde arde
-
silêncio.
Choram
a cinza
do passado.
Quem paga
a cinza
do futuro?
Arde o verde
e o futuro -
plantam silêncio.
Perante o fogo
o imortal
do tamanho real.
Não há deuses
nem imortais
quando a pedra escurece.
Crepúsculo de Inverno
em casa -
Sol de Abril.
Tentar medir
o silêncio -
olhos no quadro.
Quando a eternidade
se revela frágil
nasce o fascínio.
Até que a terra
se alimente -
crianças violentas.
Hortelã-pimenta
plantada pela mãe -
que fome.
Colecionam-se
papéis perdidos -
teme-se o esquecimento.
Não há amizade
que resista ao espelho -
cabelos brancos.
Acaba mais depressa
um amor
que um moleskine.
Impossível amar os lábios
cujo caminho
se conhece.
Impossível o amor
aos lábios da rua
onde moras.
Quem a vinho
ama
a vinho odeia.
Viena, Abril 2019
João Bosco da Silva
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