terça-feira, 17 de março de 2020

Chuva Tropical 

Sobre uma alma cinzenta a chuva cai, prometendo verde e sonhos de arco-íris, 
Mas os olhos fecham-se amargos, como todas as doces recordações 
Que o tempo azedou em distância, ninguém será aquele preservativo estrangulado 
Num nó sem pressa, ao lado das serpentinas e dos confetes do Carnaval passado, 
A vida é um carrossel, diziam-me aqueles olhos verdes no primeiros Invernos, 
Com a mesma inocência com que abria as pernas à vontade simples de mais um caralho dentro, 
A chuva cai e tudo tão distante que as feridas abrem como o deambular insone 
Numa noite de febre, o ar tropical incomoda a força melancólica dos dedos resignados, 
A estas horas ninguém chora, a neve parece impossível e o poema é o ridículo tangível. 

São Paulo 

07.02.2020 

João Bosco da Silva 

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